quarta-feira, 6 de maio de 2009

3 - Londres (I)

Nem queria acreditar. A mulher da sua vida estava ali, na sua casa, ali perto...
Uma parede os separava. Nunca tão pouco os separou! Os pais, a distância, Bernardo...
Rodrigo e Maria conheceram-se em Londres, onde ambos estudavam História da Arte. Lembra-se do dia em viu Maria pela primeira vez.
Chegou atrasado à aula. Primeiro dia de aulas, primeira cadeira do curso, primeira vez em Londres e primeira vez fora de Portugal... não fossem os dias de férias na praia da Figueira com a tia Rosinda e poderia dizer primeira vez fora do Alentejo!
Quando entrou na sala, poucos eram os lugares vagos. É sempre assim no primeiro dia, todos assistem. Durante o ano a situação inverte-se e no final, o número de lugares ocupados dá a vez ao de vazios do início do ano.
Sentou-se no primeiro lugar que viu, ou talvez não. Talvez tenha sido o destino, aquele em que ninguém quer acreditar, mas que no fim todos dizem, 'foi o destino!'
Sentou-se depois de um 'excuse' e um 'hello'. Ela querendo dar uma imagem de atenta, sem tirar o olhar do fundo do anfiteatro, esboçou um sorriso e disse um 'hello', enquanto se encolhia na cadeira, como que a dar-lhe espaço.
Poucos minutos depois acabou a aula. Rodrigo tinha-se atrasado quase quarenta minutos. Tinha saído duas estações antes no Metro e tivera de fazer o restante percurso a pé! A sorte é que naquela época do ano ainda não fazia muito frio.
Saíram e cada um foi para seu lado. Só dois dias mais tarde se voltariam a encontrar, desta vez na cantina. E lá está a 'obra do destino'. Com a cantina cheia e depois de várias tentativas mal sucedidas para arranjar lugar Rodrigo arranjou finalmente um lugar. Pousou o tabuleiro em cima da mesa, desenrolou o cachecol do pescoço, tirou o casaco e colocou-os nas costas da cadeira. Sentou-se, puxou a cadeira para a frente, começou a desembrulhar os talheres e olhou para a sua frente. Alguém o observava. Um rosto que não lhe era estranho. Era a rapariga ao lado de quem se sentara dois dias antes no anfiteatro!
Sorriram um para o outro e disseram um 'hello' ao mesmo tempo. Rodrigo, mais rápido continuou: 'I'm Rodrigo'. Maria desatou a rir à gargalhada e em português disse:'Não me digas que és português'. Rodrigo riu-se também e perguntou: 'Nota-se muito na pronuncia... ou foi pelo nome?´
'Qual das duas preferes?'.Perguntou Maria. 'Ambas', continuou...