No táxi a caminho do aeroporto, Maria despede-de de Lisboa.
Lisboa sempre foi a sua cidade. Viajou pelo mundo inteiro e até estudou em Londres, por capricho do pai. Fez História da Arte, um curso indicado para meninas ricas cujo futuro é apenas casar com um "bom partido", mas que convém terem alguma cultura para socializarem nas festas. Esta foi a única vez que Maria esteve contra uma decisão de seu pai António Augusto.
Paris, Nova Iorque, Milão são locais que visita regularmente, mas Lisboa sempre foi a sua cidade.
Maria pensa - "Quando vou voltar? Que falta me vai fazer a luz de Lisboa"
O táxi chega ao terminal do aeroporto e Maria nem dá por isso. O taxista diz o preço com a antipatia que caracteriza os taxistas em Lisboa. Paga sem se aperceber da quantia. Não é isso que lhe importa. Naquele momento ela só pensa que vai viajar quase obrigada. Obrigada por uma sociedade que a critica pela opção que tomou. Afinal, que mais poderia ela querer? Um marido de famílias tão importantes como a sua. Dinheiro, viagens, luxo, festas...
Ao descolar no conforto da classe executiva da TAP, não consegue conter uma lágrima.
- Senhores passageiros, dentro de momentos aterraremos no aeroporto Charles de Gaulle em Paris. Pedimos que ser conservem sentados, com os cintos de segurança apertados até que o avião esteja complemente imobilizado e o sinal de "apertar cintos" desligado...
Maria acorda de um torpor de duas horas e meia.
"Cheguei a Paris. O que vai ser de mim"